Aos Médicos Cubanos e à Cuba, sempre nosso respeito e gratidão!

Nov 27, 2018

A Frente Ampla Democrática de Ponta Grossa vem a público manifestar total agradecimento, reconhecimento e solidariedade aos Médicos Cubanos pela ação humanitária prestada ao Brasil nos últimos anos. Na última semana, o Governo Cubano rompeu o acordo de cooperação firmado junto ao Brasil, no âmbito do Programa Mais Médicos. Com isso, deixarão de prestar atendimento médico no país cerca de 8.500 médicos cubanos, que já começaram o regresso à Cuba. A justificativa dada pelo Governo Cubano para esta medida drástica foram as agressivas falas do agora eleito Presidente da República, Jair Bolsonaro.

Ainda em campanha, o então candidato pelo PSL versava tranquilamente nas redes sociais que mandaria os médicos cubanos para seu país, para que pudessem atender os “petistas” que sairiam do Brasil – uma clara alusão à prática de exílio, ao qual seriam submetidos militantes de esquerda brasileiros.

Ademais, Bolsonaro também propôs revisões no acordo bilateral entre Brasil e Cuba, prevendo, dentre outros aspectos, a aplicação de testes de competência aos médicos cubanos (que já tinham feito a revalidação de seus diplomas).

Com o anúncio da saída dos médicos cubanos, quem perde é a população brasileira. Estimativas apontam que cerca de 25 milhões de brasileiros ficarão sem acesso às consultas médicas. Os médicos cubanos ajudaram de sobremaneira na quase erradicação da mortalidade infantil no país (que voltou com força total a partir dos cortes orçamentários promovidos pelo governo Temer). Além disso, os médicos cubanos foram contratados justamente para suprir vagas não preenchidas por médicos brasileiros. Quando o “Mais médicos” surgiu, médicos brasileiros supriam somente 10% da demanda de um programa que visava levar saúde para todos os cantos do país.

Paradoxalmente, a cidade que mais sentiu o rompimento do acordo não foi nordestina. Mas, sim, Ponta Grossa, quarta maior cidade paranaense, uma das maiores do sul do país. Região que elegeu Bolsonaro com cerca de 70% dos votos no 2º turno das eleições 2018 e, em Ponta Grossa, foram 73,75% dos votos válidos. A população pontagrossense – na maioria os mais pobres – teve reduzido o seu quadro de médicos nas Unidades Básicas de Saúde, do SUS, em cerca de 75%! Estamos falando da saída de 60 médicos de um total de 80 profissionais. Algumas dessas UBS contavam somente com o médico cubano.

É neste momento, de grande dificuldade para a população da cidade, que é preciso refletir sobre os posicionamentos dos nossos representantes e sobre a maneira como estes agem, principalmente, porque suas atitudes e palavras podem mudar a vida das pessoas. Prova disso é o que está acontecendo hoje. O prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel (PSDB), demonstrou, em entrevista à imprensa, o dilema da saúde pontagrossense. “Existe o risco da formação de filas para atendimento”, disse Rangel. Apesar disso, durante a campanha eleitoral, Marcelo Rangel e também seu irmão, o Deputado Federal Sandro Alex (PSD), não deixaram de apoiar Bolsonaro, mesmo sabendo de seu duro discurso contra a permanência destes importantes médicos que realmente trouxeram avanços para Saúde Pública da cidade e do país. 

No momento da vitória do Capitão da Reserva, Rangel postava nas redes sociais que “um novo Brasil começava”.  Infelizmente, este projeto de país aprovado pela maioria da população e também pelo prefeito de Ponta Grossa, que surfou nesta onda de popularidade do Presidente eleito, acaba por colocar em cheque garantias constitucionais basilares para a sobrevivência do nosso povo que tanto precisa de um atendimento básico à Saúde. Este ocorrido, como tantos outros, servem para tornar evidente que tanto Bolsonaro quando Rangel não estão do lado dos que mais precisam e não entendem a responsabilidade dos cargos que ocupam.  

A Frente Ampla Democrática de Ponta Grossa sempre estará ao lado daqueles que lutam por uma Saúde Pública de qualidade para o povo pontagrossense e brasileiro, defendendo o SUS e propostas que visem a cooperação internacional para a promoção da saúde pública em todos os cantos deste país e do mundo. Combateremos de forma intransigente todas as políticas (como as de Bolsonaro e de Rangel) que visam enfraquecer e precarizar nosso sistema público de saúde, como as terceirizações, privatização, o congelamento por 20 anos de investimentos em saúde, os posicionamentos raivosos que afastam do sistema aqueles que muito têm a contribuir, solidária e fraternalmente.

Aos Médicos Cubanos e à Cuba, sempre nosso respeito e gratidão!

Assinam:
APP-Sindicato 
Associação das Mulheres dos Campos Gerais
Associação de Amparo ao Trabalhador (APAT)
Associação de Pós-Graduandos da UEPG (APG)
Círculo de Lutas pela Escola Pública (Clep)
Diretório Acadêmico de Física da UEPG (Dafis)
Diretório Acadêmico Livre de História da UEPG (Dalhis)
Diretório Central dos Estudantes da UEPG (DCE UEPG)
Fórum em Defesa da Previdência Pública
Frente Brasil Popular
Frente Popular dos Movimentos Sociais
Frente Povo sem Medo
Instituto Cidade Viva
Intersindical CCT
Juntos 
Juventude Comunista Avançando (JCA)
Movimento Avançando Sindical (MAS)
Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Partido dos Trabalhadores (PT)
Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)
Polo Comunista Luiz Carlos Prestes
Sindicato dos Docentes da UEPG (Sinduepg)
Sindicato dos Metalúrgicos 
União Brasileira de Mulheres - Núcleo Ponta Grossa (UBM)
União da Juventude Socialista (UJS)