DECLARAÇÃO DO XII ENCONTRO DA REDE DE INTELECTUAIS, ARTISTAS E MOVIMENTOS SOCIAIS EM DEFESA DA HUMANIDADE “VENEZUELA NA ENCRUZILHADA: NOVOS TEMPOS, NOVOS DESAFIOS”.

Abr 14, 2016

DETENHAMOS A OFENSIVA DE RECOLONIZAÇÃO CONSERVADORA

Os povos de nossa América sofrem a ofensiva de recolonização conservadora por parte do imperialismo e das oligarquias locais. Pretende-se varrer todas as conquistas dos processos progressistas regionais no campo da justiça social, a soberania, a integração e a gestação de um autêntico poder popular.

Nesse contexto, a Venezuela é um alvo principal, tanto pelas suas enormes riquezas quanto pela ameaça que representa seu exemplo de esperança.

A revolução Bolivariana, em Dezembro de 2015, foi submetida a um processo eleitoral sob pressões de toda índole. Foi lançada contra o povo venezuelano uma guerra económica, mediática e psicológica e foram utilizados violentos métodos desestabilizadores, empregando revoltadores assalariados, sicários e paramilitares. A crise mundial e desabamento induzido dos preços do petróleo, agravaram a situação de maneira dramática. O decreto imperial que qualifica à Venezuela como uma ameaça “inusual e colossal para segurança nacional dos Estados Unidos de América”, somou novo fator ao clima coercitivo que já vinha-se criando.

Trás dos resultados eleitorais, pôs-se em andamento um plano sinistro e bem elaborado que persegue a destituição do governo do Presidente eleito legitimamente pelo povo, Nicolás Maduro Moros e a destruição de quanto estiver em relacionamento com a obra revolucionária, seus êxitos sociais e com os ideais do Comandante Hugo Chávez Frías.

A Venezuela revolucionária aplicou pela primeira vez a distribuição da renda petroleira a favor das maiorias e, perante as adversidades e obstáculos mais graves, empenhou-se na manutenção das políticas sociais em benefício dos pobres. Tem empreendido tarefas audazes e muito complexas objetivando solucionar os problemas estruturais da nação e conseguiu preservar a paz e a estabilidade. Trabalha pela aglutinação das forças patrióticas e bolivarianas sob a união cívico-militar coerente com a história libertária da nação. Prossegue enfocada na luta sem trégua contra a corrupção e o burocratismo, o fortalecimento das comunas e o reconhecimento dos direitos dos povos originários e afro-descentes, bem como da natureza.

Os integrantes da Rede de Intelectuais, Artistas e Movimentos Sociais “Em Defesa da Humanidade” ratificamos nossa solidariedade com a Revolução Bolivariana. Exigimos a derrogação imediata do infame decreto estadunidense contra a Venezuela. Repudiamos a persecução da reação e a censura para fazer calar a digna voz de Telesur.  Rejeitamos leis tais como as certeiramente batizadas pelo povo “de amnesia criminosa” ou “do auto perdão” para quem com suas ações sediciosas causaram e continuam a causar morte e dor para muitas famílias venezuelanas, o qual equivaleria à legalização da impunidade.  

A fim de América Latina e o Caribe puderem ser, com certeza, uma “zona de paz”, como foi proclamado pela CELAC, é imprescindível enfrear de jeito definitivo as tentativas golpistas em contra do governo bolivariano e preservar a ordem constitucional. Nós somamo-nos ao espírito ecumênico, humanista e inclusivo do Congresso da Pátria.

Convocamos a uma ampla mobilização em defesa da soberania e da autodeterminação do povo venezuelano e em apoio a todos os governos, líderes e ativistas progressistas da região, que estão sendo vítimas de uma verdadeira caçada pela reação interna e pelo Império. Um processo similar ao Plano Condor está em andamento na América Latina, toda vez que é recrudescida a perseguição de todos os que lutam por objetivos emancipadores.

A REDE rejeita de maneira enérgica toda tentativa de golpe de Estado no Brasil e o uso faccioso da justiça para criminalizar dirigentes políticos populares, tais como Dilma Rousseff, Lula da Silva e Cristina Kirchner. Fazemos uma convocação para se concentrarem perante as Embaixadas do Brasil no mundo, em solidariedade com o governo brasileiro em repúdio às tentativas golpistas e a repressão paramilitar em contra do Movimento Sem Terra. Repudiamos o covarde assassinato de Bertha Cáceres, dirigente do povo Lenca de Honduras e, pronunciamo-nos pela libertação da lutadora indígena Milagro Sala, da Argentina e pela do independentista porto-riquenho Oscar López Rivera, quem há 35 anos está cumprindo prisão. Apoiamos as demandas de justiça pelo crime de Estado contra os 43 estudantes de Ayotzinapa. Condenamos o paramilitarismo na Colômbia e o assassinato dos 120 militantes de Marcha Patriótica no último ano, como um sério entrave contra os afãs de paz desse irmão povo.

 A REDE censura a tentativa de conspurcar a autoridade política e ética do presidente da Bolívia, Evo Morales, um dos seus membros fundadores, pelo intermédio de uma estratégia de manipulação e mentiras. Manifesta seu apoio ao presidente do Equador, Rafael Correa, a quem se lhe tentou derrocar e, é assediado de maneira persistente. Condena as tentativas de utilizar à delinquência comum com fins políticos objetivando a desestabilização do governo do Salvador.

Construamos juntos uma plataforma, com uma comum agenda, de meios de comunicação anti-hegemônicos, incluindo Telesur e mais outros canais públicos, sites digitais, redes sociais, agências noticiosas e emissoras comunitárias. É essencial a contribuição ao enriquecimento espiritual dos seres humanos pelo intermédio da arte alheia à ditadura do mercado e a criação à escala de massas, particularmente, nas novas gerações, de uma nova cultura oposta ao consumismo, a qual contribua à formação de um sujeito social não manipulável, solidário e crítico que resista ao assassinato ou esquecimento da nossa memória, património de identidade e consciência histórica. 

Parafraseando um poeta nosso, “um povo que se faz forte através da sua linguagem e dos seus atos livres, é uma ameaça para o Império e é o amanhecer para a Humanidade”.  

Caracas, a 11 de abril de 2016.